sábado, 17 de agosto de 2013

Intérprete de Libras‚ um trabalho pela inclusão...

Por Anderson Barbosa

"Zelar pelos valores éticos... pelo respeito à pessoa humana e à cultura do surdo...”, papéis atribuídos ao intérprete da Língua Brasileira de Sinais (Libras) estabelecidos na lei 12.319 de 2010, que entrou em vigor no país em setembro daquele ano, oito anos depois da Libras ser reconhecida como a segunda língua oficial do país.
 
Intérprete em sala de aula. Fonte: revistaescola.abril.com.br

O profissional  tem papel fundamental no processo de inclusão do surdo e hoje pode ser visto dentro da sala de aula, na televisão, em conferências e até mesmo em consultórios onde a presença das pessoas com deficiência auditiva acontece com frequência. “Trabalhar com surdos foi um dom que Deus me deu e uma opção de vida. Apoiá-los para tentar amenizar essa angústia é muito gratificante”, relata a intérprete Marlize Wolf Jaune, do Mato Grosso do Sul.

A lei federal, no artigo 2º traz a seguinte redação: O tradutor e intérprete terá competência para realizar interpretação das 2 (duas) línguas de maneira simultânea ou consecutiva e proficiência em tradução e interpretação da Libras e da Língua Portuguesa”. 


Intérprete de Libras,
uma ferramenta da inclusão

A comunicação feita com as mãos já havia sido lembrada pelo Decreto 5.526 de 2005, o qual concedeu às pessoas com deficiência auditiva o direito de ter um profissional intérprete nas escolas públicas, privadas, entre outros espaços. Segundo a Associação dos Intérpretes de Libras de Sergipe existem cerca de 80 intérpretes atuando em escolas das redes públicas  que atendem a 570 alunos no ensino médio e fundamental e cerca de 20 alunos nas universidades. 

Marcela Mendonça é graduada em educação física. Aos 4 anos teve caxumba, provocando perda auditiva que evoluiu do estágio  leve para o profundo. Ela bem sabe o significado de um intérprete. “Aos dezesseis anos de idade , fiquei praticamente surda”, relata.

Marcela Mendonça: "Com o intérprete, o surdo é incluído"


Para ela, ter um profissional que ajude na comunicação entre o cidadão surdo e as pessoas que não possuem a deficiência só fortalece o processo de inclusão. “Existem surdos que, por causa do seu histórico auditivo, não podem fazer o implante coclear. Com o intérprete, o surdo é incluído socialmente nas escolas, faculdade...”, observa Marcela Mendonça.

A pedagoga Joseneide Nunes trabalha como intérprete há 10 anos e é vice-presidente da Associação dos Intérpretes de Libras de Sergipe . Começou admirando jovens se comunicando utilizando a Libras. Quando fazia estágio na Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) de Aracaju  precisou aprender a linguagem para dar aulas de educação para o trânsito à estudantes surdos.

Atualmente acompanha um estudante com surdez profunda do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Sergipe. Para realizar o trabalho‚ o estudo da Língua Brasileira de Sinais é contínuo. "A interpretação depende do contexto e o nós precisamos ter um rico vocabulário. Fiz muita pesquisa‚ nunca parei de estudar... Às vezes tem palavras sem o sinal e o intérprete tem que fazer a adaptação de fácil compreensão", explica.


"É um dia de luta pelo reconhecimento da profissão, pelo ingresso nas salas de aula"
Joseneide conhece histórias de pessoas  como a de um casal surdo que se deparou com profissionais da área médica  sem a formação em Libras e acabou passando a medicação errada. "Este fato nos incentiva a continuar junto a comunidade surda", disse.

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